imagem retirada net
Queres saber uma coisa? Vou contar-te uma coisa ao ouvido. É Uma coisa que nunca contei a ninguém e por isso vou contá-la muito baixinho…Não quero que se perca por ai, que se espalhe na brisa do fim da tarde, que desapareça no azul do céu… E tu, tu vais passar a ser especial: vais ser um guardador de segredos…
Vou contar-te que um dia uma luz entrou na minha vida e cobriu tudo de uma cor dourada. E aqueceu a minha alma e fez de mim uma mulher feliz. No momento não sabia o que era. Não sabia quem era. Não vi. Não importava nada também. Senti. Apenas senti um calor que me fez querer abrir os braços e deixar-me cair para trás gozando esse raro momento… Depois, algo me tocou com dedos feitos de seda e com esses dedos feitos de seda percorreu todo o meu corpo, cada centímetro de pele, cada fio de cabelo, uma pálpebra, depois outra, os meus lábios entreabertos. As palmas das minhas mãos, o meu pescoço. Era a melhor sensação do mundo! À minha volta tudo desapareceu. Tinha a paz comigo, dentro do meu corpo, dentro da minha alma. Não sabia que a tinha porque nesse momento não conhecia a angustia nem a dor, nem a tristeza, nem a amargura, nem a injustiça, nem nada que fosse o mal. Estava feliz. Depois tornei-me leve e o meu corpo deixou de existir. Olhei as minhas mãos e os meus braços, ergui-os à minha frente e foi como se não me tivesse mexido. Estava livre do corpo. Era apenas uma imagem de mim mesma. Não precisei de ficar ali deitada naquela cama, não precisei de ficar fechada naquele quarto. Atravessei ao tecto e não senti nada. Lá fora as estrelas brilhavam mais do que nunca a lua era tão grande que mal cabia no céu. Avancei livremente, a uma grande velocidade sem pressa. O tempo deixou de existir. Dancei e fui a melhor bailarina do mundo ao som da melodia mais bela do mundo. Estava feliz.
Depois abri os olhos e ali estavas tu. Em carne e osso. Mais real que nunca. E senti a pele da tua mão na pele da minha mão e senti o teu olhar cuidando que nada me faltasse. Senti o calor do teu amor por mim. Senti que jamais me abandonarias. Senti que me beijavas e a magia do beijo transformou-me para sempre. Deixei de ser eu. Deixei de ser apenas eu. O meu eu desapareceu e deu lugar a um eu dentro do teu eu. Agora somos nós. Só nós. Sou eu em ti. Foi assim que descobri que mais nenhum dia seria dia sem te ter por perto, que mais nenhuma noite seria noite sem te ter por perto. Foi assim que descobri que jamais serei feliz sem que sejas meu. Foi assim que descobri que a minha vida nunca tinha feito sentido e passou a fazer. foi assim que descobri que nada mais me dava prazer do que te ter. Sentir-te. Sentir-te. Sentir-te perto de mim, colado a mim. Nada mais era preciso para estar em paz. Apenas saber que estavas ali. Comigo. Em mim. Para mim.
Queres saber uma coisa? Foi assim que descobri que estava apaixonada por ti. Foi assim que descobri o amor… nunca te disse isto…mas agora estava na hora de te contar…prometes guardar este segredo com carinho? Talvez eu tenha sorte e tu tenhas um segredo igual para me contar…
Texto de ficção escrito para a Fábrica das Histórias por Cláudia Moreira
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