Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009

Conversas no fim da vida..

IMAGEM RETIRADA DA NET

 

- Bom dia Tia Miquinhas!

- Bom dia Rosinha…

- Então Tia Miquinhas? Passou bem o dia?

- Nem por isso filha, nem por isso…

- Então que se passa? É o reumático outra vez?

- Oh, é a velhice, é o que é…

- Velhos são os trapos, é o que a minha avó me está sempre a dizer!

- Pois é…Da boca para fora é fácil, agora cá dentro….

- Mas você está aqui tão bem tratadinha, lareirinha acesa, comidinha boa… não a tratamos bem?

- Tratam sim, minha querida, não sou nenhuma ingrata. Mas se soubesses o que é estar para aqui sozinha, dia após dia, a olhar para o vazio da vida, só à espera da hora da morte…

- Então dona Miquinhas, que tristeza é essa?

- Não é nada…

- Vá lá, então? Não se vai por agora a chorar, vai?

- Isto já passa filha…

- Assim também vou chorar consigo…

- Tu não tens porque chorar Rosinha. Jovem, bonita, uma vida inteira pela frente…

- Você tem as mãos tão geladinhas, deixe que eu esfrego um bocadinho para as aquecer.

- Obrigada minha filha, se não fosses tu não sei o que seria de mim. Sabes, conto as horas, os minutos para te ver entrar ali por aquela porta… a solidão de um velho é uma coisa terrível…

- Eu compreendo isso, mas não se pode deixar abater. Vá lá. Vamos ao banhinho?

- Tenho tanto frio, ligas o aquecedor filha?

- Claro que sim, já está ligado. Isso mesmo, vamos lá tirar a roupinha, agora para dentro da banheira. Cuidado, veja lá, não vamos partir nada, que isso nesta idade custa muito a soldar!

- Nem digas uma coisa dessas Rosinha, que eu até ficava maluca da cabeça. Lembro-me tão bem de quando era nova, assim mais ou menos da tua idade, o que eu saltava, trabalhava, dançava nos bailes de domingo à tarde… e agora olha, nem me consigo lavar…

- Sabe, Dona Miquinhas, um dia vou ser eu a estar ai nesse lugar e espero que haja alguém que queira estar no que estou agora…

- Tu tens bom coração, não te vai faltar ajuda, Rosinha…

- Deus a ouça, Dona Miquinhas, Deus a ouça… Vamos vestir agora… dê lá um jeitinho ao braço. Isso mesmo.

- Ai ai ai….que me dói tanto a coluna. Não tarda vou acamar… Virás na mesma Rosinha?

- Mas isso lá é pergunta que se faça minha senhora? Ai, ai, ai, olhe que assim ofende-me…

- Não fiques zangada, mas eu só posso contar contigo e não sei como vai ser depois que precisar das fraldas e de que me metam a comida na boca…

- Vai ser como é agora. Eu venho cá fazer o que é preciso, dar o banho, dar de comer, tudo como até aqui.

- Obrigada Rosinha, obrigada querida. Se fosses minha neta não gostaria mais de ti…

- Eu também gosto muito de si Dona Miquinhas. Olhe aqui o jantar. Arroz de netos com um filetezinho que eu sei que adora!

- Cheira bem! Se souber bem como cheira…

- Pronto, agora tenho de ir que tenho a dona Mariazinha à espera. Depois deixe ai a louça que mais tarde passo aqui para a lavar!

- Esta bem filha, vai sossegada.

- Nada de sair daqui da beira da lareira, senão ainda apanha uma gripe e depois é que vão ser elas!

- Não saio daqui, prometo, vou ficar aqui entretida numa conversa com o meu falecido António…

- Até logo então Dona Miquinhas!

- Até logo Rosinha!

 

 

Texto de ficção para a Fábrica das Histórias por Cláudia Moreira

 

 

 

 

 

 

sinto-me: pensativa
publicado por magnolia às 14:36
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Domingo, 15 de Fevereiro de 2009

Sem pés nem cabeça!

imagem retirada da net

 

 

Decidi aquilo assim um pouco de cabeça quente. Estava farta, estava fartinha, estava indiscutivelmente farta da minha vida. Uma noite depois de um dia cansativo de trabalho a decisão chegou assim como uma coisa a lógica a fazer. Claro que depois quando disse à família, todos me olharam como se tivesse enlouquecido.”Isso não tem pés nem cabeça” disseram-me vezes sem conta. Eu também não fui meiga no anúncio. Disse assim de rompante que iria viver para o meio do monte e iria abandonar o meu trabalho de executiva porque queria muito ser feliz e viver um pouco mais tempo e que a continuar assim corria sérios riscos de morrer entretanto de enfarte. Entre reuniões de direcção, viagens de negócios, jantares oficiais e ainda ter que estar sempre impecável na apresentação não me restava sequer tempo para ver o sol brilhar. Durante uma semana não houve dia nenhum em que não me tivessem dito que aquilo não tinha lógica nenhuma. Como poderia eu querer abandonar uma carreira que me custara tanto a construir? Como poderia eu largar a minha casa acabada de comprar? Como poderia eu deixar a cidade, as festas, o teatro, os amigos? Como poderia abandonar o conforto? Abandonar a família? Ninguém entendia a minha súbita necessidade de sair dali, abandonar velhos hábitos, largar as roupas da moda, as festas sociais, o conforto de uma casa moderna. Mas eu sei como me sentia e isso na minha cabeça fazia todo o sentido.

Depois da primeira semana a ideia começou a fazer menos confusão na cabeça das pessoas. Deixaram de me dizer que a ideia não tinha pés nem cabeça e passaram a perguntar como iria pôr em prática a estranha decisão que tinha tomado. Perguntavam e eu respondendo fui delineando o meu plano. Iria realmente viver para o monte, longe do bulício da cidade, das intrigas. Iria viver para um sítio onde se sente o cheiro da natureza, onde se vêem as estrelas e onde se ouvem os pássaros cantar desde que o sol nasce até que se põe. Aprenderia a cultivar uma horta e dedicar-me-ia à escrita. Teria muito tempo para ler, para escrever. Teria tempo para conversar com as pessoas na aldeia próxima, teria tempo para mim própria.

Vendi os meus bens e com uma parte do dinheiro comprei o terreno onde depois construi a minha cabana. Mandei fazer uma cabana de madeira, cujos únicos luxos eram uma casa de banho e aquecimento. O resto do dinheiro guardei-o no banco até ver no que dava a minha ideia sem pés nem cabeça. Vendi os móveis, entreguei a carta de despedimento e despedi-me dos amigos. Por fim fiz a mala com algumas roupas simples e encaixotei os livros, único bem que seria incapaz de deixar para trás.

A família e os amigos íntimos fizeram uma pequena festa de despedida. Deram-me cada um uma lembrança para que nunca os esquecesse. No dia seguinte enfiei tudo dentro do jipe velho que comprei em troca do topo de gama e iniciei a mais louca viagem da minha vida. Antes de partir, passei na praia, molhei os pés, senti-me em paz, verdadeiramente feliz. Depois fiz rapidamente a viagem que me separava do futuro risonho que prometi a mim própria.

Hoje estou feliz por ter tomado aquela decisão. Sinto-me bem, feliz. Já se passaram muitos anos e continuo aqui. Tenho vivido em comunhão com a natureza. Tenho vivido do que cultivo e de algum dinheiro que vou fazendo com a escrita. Não sinto saudades da cidade, nem da confusão, nem do cheiro dos gases dos carros. Não sinto falta do emprego, nem da comida rápida, nem dos saltos altos. As vezes recebo aqui os amigos, que sempre fiz questão de conservar. Já não dizem que é uma ideia sem pés nem cabeça nem me olham como se fosse louca. Creio até que sentem um pouco de inveja do meu sorriso franco, das minhas cores sadias e da minha vida tranquila. Vivo sozinha, é verdade, mas vivo em paz. E acima de tudo vivo feliz numa vida que afinal tem pés e tem cabeça.

 

Texto de ficção escrito para a “Fábrica das Histórias” por Cláudia Moreira

 

 

sinto-me: quem me dera...
publicado por magnolia às 23:00
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Domingo, 8 de Fevereiro de 2009

E agora?

imagem retirada da net

 

E agora?

Era esta a pergunta que não parava de fazer enquanto percorria o caminho que me separava de casa.

De mãos nos bolsos e cachecol quase a cobrir-me o rosto, ia andando devagar pela rua, sem me preocupar com os carros que passavam de vez em quando rasando-me, e talvez, quem sabe, chamando-me nomes feios. Não tinha pressa nenhuma em chegar a casa e ter a conversa que teria que ter com a minha mulher.

E agora…? E agora…? O que hei-de fazer?

Uma lágrima teimosa caiu-me pela cara. Era inevitável a angústia. Perder o emprego precisamente quando mais precisava dele era devastador. Com o terceiro filho a caminho sentia-me desesperado e impotente para resolver o problema com a rapidez que era necessária.

O Tomás, o primogénito, tinha seis anos e iria para escola no próximo Setembro. O Duarte tinha três anos e infelizmente era asmático. O terceiro, o Afonso nasceria em menos de um mês. E a minha mulher estava desempregada há mais de um ano sem sequer ter direitos ou regalias. Até agora tinha sido eu o pilar desta casa, a única fonte de sobrevivência da família. E agora até eu estava desempregado...

Uma empresa tão grande terminar assim por perder apenas um cliente. Não era o único cliente, mas era sem dúvida o mais importante. E assim, de um momento para o outro a empresa fechava portas e os cem funcionários estavam na rua. Na rua da amargura. Nem sabia como dar esta notícia em casa. Seria um choque demasiado grande para uma mulher praticamente em fim de tempo de gravidez.

E se não contasse?

Cheguei a casa e não foi preciso dizer nada para que ela percebesse que algo de grave se passava. Creio que nos meus olhos estava estampada a preocupação que me ia na alma.

- Perdi o emprego…

Ela não me disse nada, limitou-se a esconder o rosto nas mãos. Eu abracei-a e prometi que arranjaria uma solução. Teria que a arranjar. E rapidamente. Esta família tinha que comer e era eu que tinha a responsabilidade de lhes dar de comer…

No dia seguinte sai de casa ainda de madrugada para procurar trabalho. Teria que aceitar tudo o que aparecesse, sem importar se gostava ou se não gostava. Calcorrearia a cidade e não voltaria a casa nessa noite sem ter um trabalho. Andei o dia todo, bati a todas as portas, li todos os jornais e nada. Nada. Nem um serviço miserável arranjei. Ninguém parecia precisar de dois braços fortes e necessitados. As portas fechavam-se-me ainda antes de ter dito tudo. A crise veio para ficar e não era eu o único a bater àquelas portas. E agora mais cem pessoas tinham vindo juntar-se ao grande grupo dos desempregados desta cidade. No fim da noite voltei a casa e a única coisa que fui capaz de fazer foi meter-me na cama e chorar. Chorei sem parar horas até que o cansaço me venceu e adormeci. Sabia que esta atitude não dava confiança à família, mas eu estava cansado demais. Sentia-me derrotado. Sentia que estava a perder uma guerra que não poderia perder de maneira nenhuma.

Depois de uma semana a procurar emprego. Depois de uma semana a ouvir nãos. Depois de me sentir completamente desesperado, a pontos de já pensar em sair do país e deixar a família, de perder o nascimento do Afonso, a boa notícia chegou. Tinha uma entrevista! Não sabia sequer para o que era, mas no centro de emprego tinham-me dito apenas que precisavam de uma pessoa séria e com vontade de trabalhar. E essas qualidades eu sempre tive sem dúvida. Fui de coração nas mãos mas muita esperança para a entrevista. Em casa a família tinha ficado a rezar por mim, ansiosos pela notícia. Faltavam duas semanas para nascer o Afonso.

Cheguei a casa, a minha mulher olhou-me e reteve a respiração, o Tomás olhou-me com os seus grandes olhos azuis, cópias autênticas dos da mãe e nem veio ao meu encontro como habitualmente fazia. O pequeno Duarte só pedia colo e fazia beicinho, porque a mãe nem o ouvia de tão angustiada que estava.

- Então?

Creio que se demorasse um pouco mais a falar ela cairia para o lado de nervos.

- Consegui! O emprego é meu!

Abraçaram-se, riram-se, ela chorou. O Tomás olhou-me e perguntou na sua vozinha de criança:

- Já tens um trabalho novo papá?

- Tenho filho, tenho. Consegui um emprego novo.

A entrevista correu muito bem, os meus patrões são pessoas muito simpáticas e justas. Mas a quem eu devo mesmo este emprego é à senhora do centro de emprego que me atendeu num dos dias em que eu andava de rastos à procura de algo que me pusesse dinheiro no bolso no fim do mês. Tinha-lhe contado tudo, a angústia e o medo de não conseguir dar de comer a três bocas famintas que tinha em casa, quatro em breve. Tinha contado tudo com uma lágrima no canto do olho e a senhora, condoída, tinha usado um conhecimento seu para me arranjar trabalho. Na verdade, e apesar de a senhora trabalhar no centro de emprego, este emprego não o arranjei por lá, mas sim pela bondade infinita da senhora. Ela conhecia uma família que há muito procurava alguém de confiança para trabalhar como motorista e ela achou que eu era a pessoa ideal. Simpático, atencioso, sabia lidar com crianças e acima de tudo inspirava confiança. Graças a Deus que ainda há pessoas boas no mundo…

Mantenho o emprego há algum tempo e ainda não dei um único motivo de descontentamento aos meus patrões ou à senhora do centro de emprego. Não ganho muito, mas ganho o suficiente para sustentar a família. O Tomás já sabe ler e vai terminar o ano no quadro de honra. O Duarte está melhor da asma com a casa nova que alugamos depois que mudei de emprego e o Afonso já faz umas graças que nos deixa a todos babados. E eu sou um homem feliz apesar de todos os contratempos desta vida complicada.

 

Texto de ficção escrito para a “Fábrica das Histórias” por Cláudia Moreira

 

 

 

 

sinto-me: preocupada
publicado por magnolia às 17:46
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Domingo, 1 de Fevereiro de 2009

O rosto

imagem retirada da net

 

 

Aquele rosto tinha algo de especial, pensei eu na primeira vez que o vi. Era um rosto igual a tantos outros e no entanto tão diferente. Sulcado de rugas ficava ali sério e sereno à janela, sem nunca faltar, todos os dias dos dias que ainda lhe restavam para viver. Sim, era um rosto muito velho, de olhos pequeninos de tanto focar o horizonte. Olhando aquele rosto a minha imaginação voava e era impossível não o fazer, tanto que despertava a minha curiosidade e ainda mais importante, despertava as minhas emoções. Cada dia que passava sentia ainda mais apego aquele rosto sem nome que via todas as manhãs e tarde dos últimos meses.

Já não sei bem quando tudo isto começou, lembro-me apenas que era inverno e eu olhei a janela que continha um rosto e pensei que aquela senhora tão velhinha estava com saudade da sua casa na sua aldeia natal. Depois desse dia, todos os dias, olhava para cima em direcção aquela janela e lá estava ela, sempre séria, mas sempre tranquila. Não me lembro nunca de ter visto um sorriso naquele rosto.

As coisas que imaginei a pensar naquele rosto, cada ruga teve uma história, cada cabelo branco, outra. Imaginava as vezes que tinha chorado com saudades de um marido ausente na guerra. Imaginava que cada ruga contava a história de uma noite sem dormir à espera de um filho na rua até tarde. E que cada ruga do cenho indicava as vezes que tinha estado de cara amarrada numa demonstração séria da amargura que lhe provocava não ter comida para lhes pôr na mesa. Cada cabelo branco significava muitos dias de frustração a sonhar que a vida não era tão difícil assim, para abrir os olhos e ver uma casa pobre de despensa vazia e muitas bocas para alimentar. Cada ruga debaixo dos olhos significava muitas lágrimas choradas pela ausência de amor na sua vida, pela saudade.

Também imaginava a sua vida de agora. Imaginava que ficava ali sozinha, enquanto a filha e o genro iam trabalhar. Os netos que deixavam um beijo fugaz naquele rosto enrugado e saiam para escola sem se lembrarem mais da existência da velhinha. Imaginava que ela se arrastava da sala para a cozinha e da cozinha para o quarto, infeliz porque já não podia ser útil a ninguém. Via-a a ser arrastada da sua aldeia quase à força porque estava demasiado velha para viver sozinha e ela a já a morrer de saudades da aldeia onde se ouviam os pássaros e as pessoas se conheciam todas pelo nome. Imaginava-a cada dia mais fraca, mais magra, definhando de tristeza por se saber um peso para os mais novos.

Cada dia uma nova historia que me entretinha a compor no longo caminho que me separava a casa do emprego. Se ela soubesse o que fantasiei com ela talvez me desse um sorriso. Ou talvez não desse, por lhe fazer lembrar que estava no fim da vida e já muito pouco tempo teria para viver, deixando para trás muitos sonhos que sabia jamais poder cumprir. Por lhe lembrar que ainda era jovem e ela não. Quem sabe o que se passa na cabeça de uma velhinha que passa o dia na janela olhando o imenso casario da cidade, faça chuva ou faça sol? Quem sabe que fantasmas habitarão a cabeça que suporta aquele rosto tão velho? Quem sabe…?

Hoje passei lá e não vi o rosto que esperava ver. A janela estava fechada e a cortina corrida. Amanha voltarei a passar, mas tenho medo de não voltar a ver o rosto sulcado de rugas. Se não o vir, saberei porquê.

 

 

Texto de ficção escrito para a “Fábrica das Histórias” por Cláudia Moreira

 

 

sinto-me: muito pensativa
publicado por magnolia às 12:50
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