imagem retirada da net
Quando iniciei a escrita desta história para a Fábrica tinha intenções de escrever algo sobre um dos momentos desses quatro dias retratados no filme, mas depois a unica coisa que me apeteceu mesmo fazer foi mudar o final da história. Todas as histórias de amor devem ter direito a um final feliz...
Francesca estava sentada na ponte que Robert tinha escolhido para fotografar em primeiro lugar. Mais uma vez tinha ido ali para reviver um pouco aqueles quatro dias de paixão avassaladora que passara com Robert. Ela bem sabia que tomara a decisão certa, mas de vez em quando as lembranças atingiam-na como punhais e ela deixava sair um pouco da sua mágoa. Era para ali que ia sempre nessas ocasiões e a verdade é que nenhum sitio poderia ser melhor que aquele.
Levantou-se e caminhou pela ponte coberta onde tinha estado com Robert. Não disfarçou sequer as lágrimas que lhe corriam pelo rosto. O eco dos seus passos no piso de madeira da ponte era exactamente igual ao eco dos seus passos uns anos antes. A diferença é que agora não era acompanhado por outro conjunto de passos…
Lembrou cada detalhe do rosto de Robert. Não era bonito, mas tinha um charme indiscutível. Além disso, em cada traço do seu rosto tinha lido honestidade, no seu olhar tinha lido paixão, nas suas mãos sôfregas uma imensa ternura. Um primeiro olhar tinha sido o suficiente para arrebatar o seu coração. Depois desse instante a sua vida mudou para sempre.
Depois de atravessar a ponte continuou a caminhar sem rumo. Viu as colinas que tinham visto os dois de mão dada, viu os campos em flor que anos antes tinham percorrido a correr como crianças.
Tinha renunciado ao seu amor verdadeiro por uma causa nobre: a família. Perguntava-se agora se teria valido a pena. O marido tinha ido embora em busca de algo a que ele chamava felicidade. Francesca sabia que ele tinha outra mulher. Os filhos há muito que haviam partido para a cidade em buscar de uma vida melhor. Francesca sentia que tinha tomado a atitude certa, mas que tinha sido muito pouco recompensada por isso. E isso deixava-a sempre angustiada e triste.
Tinha saudades de Robert. Saudades de o sentir, de o ouvir, de o amar. Tinha saudades de Robert que apenas eram atenuadas quando ouvia falar dele. As suas reportagens eram muito conhecidas. A publicidade à volta dele era grande e por isso estavam sempre a surgir referencias ao seu nome.
Francesca sentou-se debaixo de uma árvore perdida no campo. Era talvez o Verão mais quente dos últimos anos. Lamentou não ter um pouco de água para se refrescar. Depois fechou um pouco os olhos. A imagem que lhe aparecia nos pensamentos era a de Robert. Era sempre a de Robert.
Ouviu um restolhar ligeiro perto de si e abriu os olhos. À sua frente estava Robert tal e qual como o viu da última vez. Maquina fotográfica ao pescoço e chapéu de abas. Achou que estava a sonhar e esfregou os olhos. Mas a imagem que viu continuava ali e sorria. Não podia ser verdade…
- Tive esperança de te encontrar querida…
Francesca nada disse, apenas se lançou ao pescoço de Robert. Era mesmo verdade! Ele estava ali…Tinha desejado tanto aquele momento…
- Vieste querido Robert…Tive tantas saudades tuas…
- Ainda me queres?
- Todos os dias…
Caminharam de mãos dadas para casa. Riam como miúdos. Não fariam planos. Tentariam apenas ser felizes em cada dia de todos os dias que tivessem até ao fim dos seus dias...
Texto de ficção para a Fábrica das Histórias por Cláudia Moreira
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